Por Lauro Jose Jantsch - Em 2005
Recentemente, tem perpassado pela mídia uma “nova onda”: o culto da “escola da vida”. Que algumas pessoas cultuem a “escola da vida”, nada a estranhar, mas que essa idéia seja aceita e até defendida por alguns intelectuais, já é demais. Além disso, quando escrevem ou falam sobre a tal de “escola de vida” dão a entender que ela basta ou que até é mais importante ou superior do que ter uma faculdade, um mestrado ou doutorado. Falam como se um doutorado fosse algo depreciativo para a pessoa.
Como diria o jornalista Paulo Sant’Ana, “calma lá”! As duas escolas não são excludentes, mas adicionais. Nada contra quem só tem a escola da vida. Mas tudo a favor de quem tem as duas. O que sempre pregamos aos jovens é que, além da escola da vida (compulsória), temos que lutar pela outra, i.é., pelo estudo, pelo conhecimento, pela pesquisa, pela tecnologia.
É profundamente constrangedor que pessoas com cargos importantes, ou postulantes aos mesmos, dêem igual valor a uma “opinião” e a uma “lei científica”. Só a escola da vida não mostra a diferença entre uma “hipótese” e uma “conclusão científica”.
Na escola da vida a pessoa apenas imita, copia o que as outras fazem ou fizeram.
O Brasil necessita de pessoas que vão além. Precisa de pessoas que produzam conhecimentos, tecnologias novas, tornem o país “independente”. São essas pessoas que vão tornar o Brasil “independente” tecnologicamente. Hoje vivemos o século da escravidão tecnológica, intelectual. Aliás, cada nova tecnologia produz inúmeros empregos.
Dentro do nosso sistema educacional, quem, por definição, produz conhecimentos, tecnologia, são as universidades com suas faculdades, seus mestrados e seus doutorados.
Enquanto não acreditarmos que, além da escola da vida, existe outra escola, não sairemos da escravidão, mas continuaremos dependentes de países que “só” exportam conhecimentos.Enquanto prestigiarmos e acharmos suficiente a escola da vida, continuaremos a mandando milhões de dólares pela tecnologia estrangeira e continuaremos exportando nossos empregos para aqueles que sabem trabalhar nossa matéria-prima.
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