Por Lauro José Jantsch
Com a crise econômica de 2008 o petróleo baixou o preço expressivamente. Excetuando-se o Brasil, os demais países diminuíram os preços dos combustíveis. Com isso, o Brasil “subtraiu” do povo um “troco” de R$24 bilhões. Esses bilhões estão engordando as contas dos acionistas da Petrobrás. E, como se não bastasse, o Governo Federal vai “capitalizar” a Petrobrás, digo, os acionistas transferindo outros muitos bilhões pertencentes ao povo.
Quando se discutiu a possibilidade de se devolver 4 bilhões roubados dos aposentados, o governo nem quis conversa. Mas ,durante 2 anos, pingaram bilhões de reais da gasolina nas contas dos acionistas da Petrobrás.
A quem se queixar? A Imprensa mal e mal noticia o fato. O Congresso é um bando de vaquinhas-de-presépio que só conhecem uma trilha, a do salário no fim do mês. Ah! Temos uma Conselheira na Petrobrás que, casualmente, é candidata a Presidente, será que ela é pelo povo?. Mas, e o Ministério Público, onde anda? E o povo, por que não se queixa? Bem, este sofre de alguns males, altamente limitantes. Alguns estão anestesiados pelo populismo oficial. Outros padecem do pior dos males, a ignorância. Outros permanecem calados porque, pudera, se locupletam com esta situação.
Em resumo, já conhecemos o que resta ao povo: “que se exploda!”
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
A Nova Onda
Por Lauro Jose Jantsch - Em 2005
Recentemente, tem perpassado pela mídia uma “nova onda”: o culto da “escola da vida”. Que algumas pessoas cultuem a “escola da vida”, nada a estranhar, mas que essa idéia seja aceita e até defendida por alguns intelectuais, já é demais. Além disso, quando escrevem ou falam sobre a tal de “escola de vida” dão a entender que ela basta ou que até é mais importante ou superior do que ter uma faculdade, um mestrado ou doutorado. Falam como se um doutorado fosse algo depreciativo para a pessoa.
Como diria o jornalista Paulo Sant’Ana, “calma lá”! As duas escolas não são excludentes, mas adicionais. Nada contra quem só tem a escola da vida. Mas tudo a favor de quem tem as duas. O que sempre pregamos aos jovens é que, além da escola da vida (compulsória), temos que lutar pela outra, i.é., pelo estudo, pelo conhecimento, pela pesquisa, pela tecnologia.
É profundamente constrangedor que pessoas com cargos importantes, ou postulantes aos mesmos, dêem igual valor a uma “opinião” e a uma “lei científica”. Só a escola da vida não mostra a diferença entre uma “hipótese” e uma “conclusão científica”.
Na escola da vida a pessoa apenas imita, copia o que as outras fazem ou fizeram.
O Brasil necessita de pessoas que vão além. Precisa de pessoas que produzam conhecimentos, tecnologias novas, tornem o país “independente”. São essas pessoas que vão tornar o Brasil “independente” tecnologicamente. Hoje vivemos o século da escravidão tecnológica, intelectual. Aliás, cada nova tecnologia produz inúmeros empregos.
Dentro do nosso sistema educacional, quem, por definição, produz conhecimentos, tecnologia, são as universidades com suas faculdades, seus mestrados e seus doutorados.
Enquanto não acreditarmos que, além da escola da vida, existe outra escola, não sairemos da escravidão, mas continuaremos dependentes de países que “só” exportam conhecimentos.Enquanto prestigiarmos e acharmos suficiente a escola da vida, continuaremos a mandando milhões de dólares pela tecnologia estrangeira e continuaremos exportando nossos empregos para aqueles que sabem trabalhar nossa matéria-prima.
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terça-feira, 11 de maio de 2010
A Reforma Universitária e a Democracia
Por Lauro José Jantsch - Em 2004
De vez em quando se houve falar que a Reforma Universitária está na fase final. Por outro lado, pouco vaza além da discussão demagógica das quotas.
Já foi dito que a reforma da universidade brasileira é a “Mãe das Reformas”. Os próprios alunos dizem: “Enquanto não se fizer a reforma da universidade o Brasil não mudará”.
Quando se discute a universidade com pessoas isentas de corporativismo, alunos, ex-alunos, professores e ex-professores, surge outra unanimidade: o setor brasileiro menos democrático é a universidade. Para quem desconhece a universidade isto é espantoso mas, para os demais, inclusive os corporativistas, esta é a pura realidade.
Sendo assim, este é o primeiro aspecto a reformar.
A democracia deve nortear dois aspectos básicos da universidade: a gestão e o processo ensino-aprendizagem.
É constrangedor o professor ter que explicar todos os semestres aos alunos questões como: o que é o grão-chanceler da universidade, quem elege o Reitor, por que os alunos e professores não participam da eleição dos Diretores? O planejamento estratégico não poderia receber participação dos alunos? A previsão orçamentária e a prestação de contas não deveria estar à disposição da comunidade universitária? O processo da escolha e demissão de professores não deveria ser mais transparente obedecendo a critérios técnicos?
O segundo setor da universidade a ser democratizado é o processo ensino-aprendizagem. A montagem e a atualização dos currículos não pode prescindir da participação ampla, inclusive dos alunos. O calendário escolar e os cronogramas de aulas podem receber sugestões dos alunos. A metodologia de ensino não pode ser imposta, mas deve ser fruto de troca de idéias com os alunos. E os critérios de avaliação? Por que não discuti-los com os alunos? Num processo de ensino-aprendizagem democrático o aluno tem acesso à correção das provas para expor seus argumentos. Enfim, o mais importante, na sala de aula, é a atitude do professor, é o ambiente participativo criado por ele.
Atitude democrática, por exemplo, é apresentar as várias teorias sobre um fato e não apenas uma. E dizer que a sala de aula de uma universidade, recentemente, ouviu a seguinte frase de um professor a um aluno que lhe fizera uma pergunta:”Cala a boca, na minha aula aluno não fala!” Este aluno, para poder se formar, passou o último semestre sem abrir a boca na sala de aula. Esta é a melhor maneira de formar cidadãos omissos. Isto é a antítese de universidade.
Portanto, o primeiro passo para reformar a universidade é torná-la democrática. Desta forma deixaremos de ter uma universidade que só não é omissa na fabricação de diplomas para termos uma universidade formadora de cidadãos.
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A Ciência Agradece
Por Lauro José Jantsch - Em 2005
Logo depois do incêndio do laboratório de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul alguns deputados provocaram uma reunião sobre o fato. Foram vários deputados estaduais, de diversos partidos e que convidaram os vários setores de pesquisadores.
Além dos deputados estavam presentes representantes do referido laboratório, um ex-governador, ex-secretários e mais alguns pesquisadores.
O encontro foi realizado numa das dependências da Assembleia Legislativa. O ambiente foi o mais descontraído possível. Todos tiveram a oportunidade de se manifestar.
Os deputados estavam visivelmente surpresos com o nefasto crime. Mas estavam mais gratificados por poderem conversar informalmente com os pesquisadores. Segundo pude constatar, para alguns deputados, este foi um fato inédito: os pesquisadores expondo suas preocupações aos representantes do povo. Salientaram a necessidade de outros encontros. Sentiram-se extremamente gratificados e até alegres de poderem trocar ideias com os pesquisadores.
Depois das manifestações, os deputados combinaram com os pesquisadores algumas ações estratégicas e colocaram-se à disposição para gestionarem tais ações.
Como disse um dos participantes, “temos que fazer do limão uma limonada.”Certamente, a pesquisa científica saiu ganhando com todo este episódio. E, da parte que me cabe, agradeço.
A lamentar, apenas, a ausência de outras entidades de pesquisa. Os senhores deputados estranharam muito tal ausência. Nós, pesquisadores presentes, nem tanto. Sabemos que o pesquisador prefere ficar em seu laboratório e detesta prestar contas a quem lhe paga. Além disso, as Instituições de pesquisa sempre tiveram grandes dificuldades de trabalhar em cooperação. Esta é uma das razões de desperdícios em termos de recursos humanos e materiais.
Em todo caso, o primeiro passo foi dado, esperamos pelos próximos. Tenho a certeza que o próximo passo será dado pela Assembleia Legislativa pelo qual, novamente, a ciência agradece.
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